5 de abril de 2010

Entrevista com Bruno Basto: “Há muitos bons valores na Distrital de Vila Real”

No passado dia 28, em Mondim de Basto, no decorrer do jogo Mondinense - Pedras Salgadas, A RCA DESPORTO teve a oportunidade de entrevistar Bruno Basto, futebolista de 31 anos que já passou pelo Benfica, Bordéus, Feyenoord, Nacional da Madeira e Shinnik da Rússia.

Actualmente a residir em Vila Real, Bruno Basto está sem clube, e pondera deixar o futebol ainda este ano para trabalhar como representante de jogadores. O actual panorama desportivo, assim como o futebol da nossa associação, foram alguns dos assuntos abordados pelo futebolista.

Neste momento, o Bruno Basto está sem clube e treina apenas para se manter em forma. É verdade?
Sim, é verdade. Estive até ao mercado de inverno à espera de uma colocação e, há mais de um mês que eu deixei de treinar. Vou aguardar até ao verão, se não aparecer uma proposta, vou deixar o futebol e dedicar-me à representação de jogadores

Ao longo deste interregno, surgiram algumas propostas para voltar a jogar futebol?
Tive muitos convites e disso, felizmente, não me posso queixar. Mas as condições que me foram oferecidas não me agradaram e também porque corria o risco de estar longe da minha família.

Pretende estar ligado ao futebol caso queira pôr fim à sua carreira?
Sim, pretendo. Fui convidado pelo meu representante para colaborar com ele, o que neste momento já estou a fazer, pois estou a ajuda-lo na representação de jogadores. É o que vou fazer caso deixar o futebol.

Tem acompanhado o futebol no distrito de Vila Real?
Assim que posso, vejo todos os domingos um jogo da divisão de honra. Eu acho que há muitos bons valores nesta divisão, não só na A.F de Vila Real, como em todo o país. Uma aposta que estou a fazer, juntamente com algum pessoal na representação de jogadores, é tentar descobrir jovens valores que joguem nestas divisões que possam jogar ao mais alto nível em Portugal, um país onde há muitos estrangeiros a jogar.

O que pensa sobre os estrangeiros a jogar em Portugal?
Não tenho nada contra os futebolistas estrangeiros, até porque quase toda a minha vida de futebolista, foi feita no estrangeiro. Só acho que o futebolista português tem que ter mais oportunidades. As pessoas que geram o futebol devem ter a necessidade de apostar nesses jogadores, pois eles têm qualidades.

Actualmente, as equipas transmontanas têm imensas dificuldades de singrar no futebol nacional. Está de acordo?
Sim. Para o ano vai ser mais difícil com a extinção da terceira divisão nacional. As equipas que vão estar a disputar a divisão de honra de Vila Real, para subirem, vai ser muito complicado, pois vão ter que fazer Play-offs com equipas de Braga ou do Porto que têm mais capacidades financeiras. O futebol, infelizmente, deixou de ser um espectáculo, e cada vez mais, envolve muito dinheiro onde os maiores centros terão mais visibilidade, e os que não têm, como é o caso do distrito de Vila Real, terão mais dificuldades em singrar no futebol nacional.

Qual seria a melhor solução para haver equipas mais competitivas?
Aqui há muita coisa para fazer, basta as pessoas quererem. Na A.F de Vila Real, há campos de futebol com boas infra-estruturas e ao invés de haver tantos clubes, seria melhor haver quatro ou cinco que sejam fortes, e que possam ombrear com equipas de Braga ou do Porto, para terem mais hipóteses de subirem a uma segunda divisão nacional.

Neste momento, o SC Vila Real e o Mondinense estão a lutar por uma vaga que dá acesso aos nacionais. Na sua opinião, qual destas duas equipas é a mais forte?
Para mim, o Mondinense é a equipa mais forte e mais coesa. O Vila Real, em termos de opções, é muito superior, pois tem dezasseis ou dezassete bons jogadores. O Mondinense pode ter doze ou treze bons jogadores no total, mas tem um conjunto que pratica melhor futebol e os resultados estão à vista.

Henrique Daniel Silva