9 de março de 2010

Entrevista com Ricardo Fontes, presidente do Gache

“Os subsídios deveriam ser distribuídos por igual”

O Juventude de Gache milita a primeira divisão distrital e, neste momento, é líder com menos um jogo, dando garantias de uma subida iminente à divisão de honra, na qual já fez história.
Numa grande entrevista, Ricardo Fontes, presidente do Gache, falou-nos do actual momento do seu clube, que segundo ele, tem sido menosprezado no que concerne à distribuição dos subsídios da autarquia.

RCA: Neste momento, o Gache está em primeiro na 1ª divisão distrital. Espera subir de escalão?
Ricardo Fontes (RF): Sim, espero subir. Desde o inicio da época, o nosso objectivo sempre foi a subida de divisão. O treinador, assim como jogadores, foram contratados com o objectivo de subir à divisão de honra.

RCA: Quem está ligado ao futebol, associam o Gache como um clube de baixo orçamento o que pode comprometer uma eventual presença na divisão de honra, visto que o valor das inscrições de jogadores é bastante elevado. Mesmo assim, mantém intacto o objectivo da subida?
R.F: Mesmo assim, o objectivo continua ser a subida de divisão. Infelizmente, vamos continuar com o orçamento baixo, já que o único apoio que temos é da junta de freguesia, dos nossos sócios e de alguns anónimos que ajudam monetariamente o clube. Neste momento, quero expressar o meu descontentamento perante a Câmara municipal e com algumas diferenças em várias colectividades desportivas.

RCA: E quais são essas diferenças?
R.F: Falo dos subsídios a nível monetário que são distribuídos pelos clubes. É inadmissível que, por exemplo, O Gache não recebe o mesmo que o Diogo Cão, Abambres e Vila Real.

RCA: Falaram com a Câmara Municipal no sentido de não discriminarem determinados clubes?
R.F: Sim, falamos com eles acerca disso. Hoje em dia, os clubes recebem mais subsídios das autarquias porque apostam na formação. Muitas vezes, essa aposta na formação serve como “offshore” para suportar as equipas seniores. O Gache podia criar quatro ou cinco equipas de formação para conseguir esses subsídios, mas não queremos porque não somos hipócritas. Por mim, não haveria subsídios pois todos deviam saber governar com o que têm, mas já que existem, deviam ser distribuídos por igual.

RCA: Os jogadores do Gache recebem alguma renumeração ou jogam apenas por “amor à camisola”?
R.F: Antigamente era mais fácil falar do “amor à camisola”. Neste momento, há outras envolvências a nível financeiro que faz com que um jogador venha para um clube com segundas intenções. Posso dizer que, num jogo da primeira divisão distrital, gasta-se no mínimo 500 euros. Como é que um clube como o nosso consegue suportar este tipo de despesa? É quase impossível. Apesar de alguma dificuldade, conseguimos ter tudo em dia.

RCA: Segundo algumas informações, o Gache teve a hipótese de melhorar as suas infra-estruturas. Todavia, algumas dessas obras acabaram por não acontecer. Foi verdade?
R.F: Sim. Em parceria com o instituto do Desporto e a Câmara Municipal, tínhamos um projecto para as melhorias de condições de segurança. No final de tudo isto, senti-me traído pelo outro parceiro, o Instituto do Desporto, que ao invés de nos apoiarem com 30 mil euros como estava no acordo, só nos facultaram dez mil. Como podem imaginar, os apoios não foram aquém do esperado mas ainda assim, quase todas as obras foram feitas, excepto a construção de uma bancada coberta e obras a nível da drenagem e electricidade.

RCA: Por último, quer deixar alguma mensagem aos nossos leitores?
R.F: Em primeiro lugar, quero agradecer à minha família pelo apoio que me têm dado. Queria também apelar às pessoas para apoiarem as equipas do nosso conselho, seja ela qual for. Eu como presidente do Gache, desejo sorte a todas essas equipas e, caso elas chegam a um nível no qual nunca podemos chegar, fico contente na mesma como também gostava que elas ficassem, caso fosse ao contrário. Por último, quero apelar às instituições que apoiam o desporto para que olhem os clubes da mesma maneira e do mesmo feitio.

Henrique Daniel Silva

1 comentários:

Anónimo disse...

"RCA: E quais são essas diferenças?
R.F: Falo dos subsídios a nível monetário que são distribuídos pelos clubes. É inadmissível que, por exemplo, O Gache não recebe o mesmo que o Diogo Cão, Abambres e Vila Real."
O Presidente do Gache que me desculpe, mas querer que seja atribuído ao seu clube (Gache), a competir com apenas uma equipa, o mesmo subsídio que é atribuído a quem participa nos diversos campeonatos, com 9, 10 e 11 equipas, é no mínimo absurdo...
"Hoje em dia, os clubes recebem mais subsídios das autarquias porque apostam na formação. Muitas vezes, essa aposta na formação serve como “offshore” para suportar as equipas seniores. O Gache podia criar quatro ou cinco equipas de formação para conseguir esses subsídios, mas não queremos porque não somos hipócritas."
Se podia porque não o faz? Dá muito trabalho, não é... É que ter apenas uma equipa é muito mais cómodo, dá muito menos trabalho, as despesas são bem menores,etc., que ter várias.
E esquece-se de um pormenor importantíssimo, menosprezando o facto de a sua equipa sénior ser formada por atletas que fizeram a sua formação desportiva nos clubes que refere.
Concordo que os subsídios da Autarquia serão mal disgtribuídos. Mas não concordo com a sua lógica,pois quem mais trabalha e quem mais formação faz, deveria ser melhor recompensado, o que não acontece, infelizmente.
Um abraço e tento naquilo que se diz.

10 de março de 2010 às 16:16