11 de janeiro de 2010

Entrevista com Carlos Felisberto, treinador do SC Vila Real: "A nós só o primeiro lugar interessa”

Carlos Felisberto, o terceiro treinador do SC Vila Real esta época, fez um balanço da sua prestação no clube “alvi-negro”, debruçando-se sobre as mexidas no plantel aquando da sua chegada, e o equilíbrio que o emblema necessitava a vários níveis.

Estamos no final da primeira volta e o campeonato decorre como era esperado, ou seja, temos quatro ou cinco equipas no topo da tabela classificativa com escassos pontos a separá-las. O SC Vila Real está a cumprir os objectivos, tendo em conta a elevada competitiva existente na primeira metade da tabela?
Carlos Felisberto (CF):
Sim, sem dúvida. Há dois momentos de competição na AFVR: o campeonato e a Taça. Neste momento estamos nas duas frente e pretendemos conquistar ambos os títulos. Estamos bem classificados, dependemos de nós mesmos, mas existem adversários fortíssimos, este ano, na Divisão de Honra, e não nos darão descanso.

Depois da sua entrada para o comando técnico do SC Vila Real realizaram-se alguns reajustamentos no plantel. Um grupo que afirmava ser longo e que rapidamente sofreu alterações com a saída seis atletas e a entrada de quatro. O plantel estava desequilibrado quando chegou?
CF:
O plantel era extenso, foi necessário fazer uma análise muito célere daquilo que era o potencial do grupo de trabalho, os equilíbrios e as carências. Inicialmente pedi duas semanas à direcção para estudar com os meus olhos as valências deste plantel e depois apresentei uma lista de dispensas e alguns nomes que poderiam colmatar possíveis lacunas. O plantel passou então de 25 jogadores para 23, na perspectiva de equilibrar o mesmo, e é com esses elementos que iremos trabalhar até ao final da temporada.

Considera que o Vila Real, nesta altura, já joga à sua imagem?
CF:
Neste momento é uma equipa diferente, mais madura, está a evoluir de semana para semana, apesar de, em alguns jogos, a estratégia aplicada ao longo da semana de trabalho não se transpor para o jogo, por razões que nos são externas. Mas tenho a dizer que os jogadores estão muito empenhados, a equipa esta a crescer de rendimento e tem uma margem de evolução muito grande.

A direcção tem estado presente e apoiado o seu trabalho desde que chegou?
CF:
É notório o apoio depositado por parte dos dirigentes do SC Vila Real. Colaboram comigo em qualquer situação e não põem entraves ao meu trabalho. Para além disso estão presentes em praticamente todos os treinos. Mais do que isso não poderia pedir.

O Campo do Calvário tem sido o recinto usado pelo seu clube para disputar os jogos da Taça AFVR. Pretende continuar a usufruir desse espaço sempre que o sorteio ditar encontros a realizar em Vila Real?
CF:
Independentemente do que for sorteado, teremos em conta o adversário, pelo que, serão questões a estudar na altura certa. A propósito destas instalações, tenho a dizer que o SC Vila Real, neste momento, tem um entrave à evolução, quer nas camadas jovens, quer no plantel sénior, graças às suas debilitadas infra-estruturas. O clube não possui condições de referência no distrito, logo, terá dificuldades em se afirmar neste contexto. O SC Vila Real tem um péssimo relvado natural, um pelado que é diariamente desgastado e único ao serviço da formação, e quem não trabalhar com qualidade não pode esperar que domingo após domingo esteja nas melhores condições.

Sabemos que é assíduo em jogos das camadas jovens do SC Vila Real, principalmente no escalão de juniores. O futuro do clube pode passar por jogadores provenientes da formação?
CF:
Certamente que a formação é imprescindível em qualquer clube. Cada vez mais é necessário apostar em valores locais, jovens que conheçam o nosso futebol e sobretudo a tradição do clube. Naturalmente que, no futuro, alguns jovens serão promovidos ao plantel sénior, dependendo, claro, da sua qualidade. Uma transição que sucedeu recentemente com Mica, André Azevedo, Ivo, entre outros, jovens com grandes qualidades e que desempenham um papel importante na equipa.

André Azevedo, de apenas 19 anos, fez a sua formação no Vila Real e é já uma referência no ataque “alvi-negro”. Teremos diante de nós uma verdadeira “promessa” para o futuro?
CF:
Não tenho dúvidas que o André vai ser um jogador fantástico, ele tem um potencial enorme e uma humildade acima da média para a qualidade que possui. Por vezes perdem-se grandes jogadores de futebol porque desde cedo se consideram “craques”, mas, neste momento, o André tem os pés bem assentes na terra, sabe o quer, sabe que o sucesso é efémero e que acima da distrital estão ainda inúmeras divisões para conquistar.

Luís Alves, reforço do SC Vila Real no início da época, que no caso se tratou de um regressou, deixou de ser opção em alguns jogos, e tem sido pouco utilizado. Este facto deve-se apenas à falta de comparência nos treinos?
CF:
Quanto ao Luís Alves não existem quaisquer tabus. O plantel tem 23 jogadores, não tenho que zelar pelos interesses de apenas um, mas sim do grupo todo. A assiduidade é um critério decisivo para uma convocatória e como Luís Alves nem sempre pode treinar por constrangimento da sua vida académica, também não terá possibilidade de alcançar um lugar no onze. Caso contrário estaria a ser injusto com quem trabalhou a semana toda.

Existem jogadores de grande qualidade no eixo do terreno, como André Lisboa, Norberto, Castanha, Francis, Shuster, Mico e Diogo, que forçosamente terão que jogar numa posição adaptada a fim de se enquadrarem no onze. Não tem receio que alguns desses elementos fiquem de fora uma ou outra convocatória a fim de aproveitar ao máximo outros valores do plantel?
CF:
Todos os jogadores jogam na sua posição. Quando cheguei ao Vila Real pedi a todos os atletas que me fizessem uma lista das posições que lhe são mais confortáveis, para que erros desses não acontecessem. Porém, admito que existem alguns jogadores de valor naquela zona do terreno e que serão usados rotativamente ao longo da temporada, já que ninguém se livra de decréscimos de forma, lesões, e até mesmo castigos.

Pode-se assumir, portanto, que neste momento dispões de praticamente dois jogadores para cada posição, resultando em duas equipas?
CF:
Sim, claro. Foi precisamente com esse intuito que o plantel foi pensado e que as alterações foram feitas após a minha chegada, para que tenhamos um plantel equilibrado, competitivo e funcional.

Para terminar, o que promete aos adeptos do SC Vila Real para esta época?
CF:
Os adeptos pactuam da nossa ambição, são eles que nos fazem estar em alerta, nos motivam para trabalhar e é por eles que perseguimos os nossos objectivos. Para nós, só o primeiro lugar interessa e ficar abaixo disso seria não concretizar os objectivos por nós propostos.

FR (notíciasdevilareal.com)
Aúdio da entrevista disponível para download aqui.

0 comentários: