13 de maio de 2009

Entrevista a Costa Pereira, Presidente da Associação de Futebol de Vila Real

A RCA DESPORTO, com Luís Roçadas, Filipe Ribeiro e José Carlos Leitão, esteve à conversa com o Presidente da Associação de Futebol de Vila Real, Costa Pereira, que fez o balanço da época desportiva, debruçando-se sobre os casos que marcaram a temporada de 2008/2009. O cancelamento da Taça de Honra, a Final da Taça AFVR, os casos dos árbitros vila-realenses e as novas regras da Federação Portuguesa de Futebol, foram alguns dos assuntos debatidos nesta recta final da época desportiva.

Rádio Clube Aguiarense (RCA): Quais os motivos que levaram ao cancelamento da Taça de Honra?
Costa Pereira: A iniciativa de criar esta taça foi um insucesso. Esta prova tinha como principal objectivo fazer a preparação dos clubes para o arranque da temporada, tanto das formações que disputam os nacionais, como os que competem na Divisão de Honra, contudo, os clubes da AFVR não entenderam a ideologia da associação, e não aderiram como esperávamos. Tivemos, ainda, outros obstáculos a esta taça, como o facto de os clubes não poderem jogar à noite, nem a meio da semana, por estes não serem profissionais, e também devido ao mau tempo, que impossibilitou a realização de alguns jogos agendados. Por fim, comunicamos aos clubes envolvidos na competição, se desejariam dar continuidade a esta taça, mas apenas obtivemos resposta positiva por parte do Fiolhoso.

RCA: Os clubes desta associação, queixam-se de que as taxas que estes pagam, são as mais caras do país, o que tem a dizer em relação a isso?
Costa Pereira: Eu reconheço que o futebol atravessa uma grande crise, mas também nós a sentimos, e a maioria das taxas que a AFVR aplica, é do mesmo valor que a FPF determina. Nós não temos receitas próprias, e dependemos das taxas cobradas aos clubes, receitas estas que são importantes para, entre outras coisas, sustentar a arbitragem.

RCA: Não teme que com a crise que presenciamos, vários clubes terão que desistir do futebol?
Costa Pereira: Eu acredito que só deve estar no futebol profissional quem tiver sustentabilidade, isto é, quem não for auto-suficiente, deverá participar noutro tipo de campeonatos ou até desistir. Tenho a noção de que muitos dos nossos clubes poderão desaparecer, mas é inadmissível que alguns ainda se mantenham, se não cumprem os pagamentos com os seus funcionários e jogadores. O que está a acontecer em Portugal é uma vergonha para o futebol, hoje não podemos continuar a gastar mais do que aquilo que temos, e se é assumido um compromisso, então deve ser cumprido até ao fim.

RCA: Esta época desportiva ficou marcada pelos casos de corrupção que envolveram árbitros da AFVR, como os exemplos de Rui Silva e João Cabral. Qual é a sua opinião sobre estes casos?
Costa Pereira: Temos que realçar que estes árbitros tiveram coragem de denunciar estas situações de corrupção. Não se sabe, contudo, todos os contornos destes casos, por estarem em segredo de justiça, mas posso dizer foi uma injustiça o que fizeram com o Rui Silva. Trata-se de um árbitro exímio no seu trabalho, com uma carreira promissora, e agora vê o seu futuro comprometido.
Quanto ao João Cabral, este acabou por estar envolvido numa situação em que não teve culpa nenhuma, e tudo se vai resolver da melhor maneira, porque ainda acredito na justiça portuguesa. Continuo, portanto, a afirmar que possuímos grandes árbitros, muito profissionais, e todas as semanas eles dão provas disso.

RCA: Para a próxima época a associação corre o risco de estar representada, nos campeonatos nacionais, por apenas dois clubes. Seria uma grande perda para o nosso futebol?
Costa Pereira: Infelizmente o Mondinense já consumou a sua descida, o que é uma pena, tendo em conta a massa associativa e infra-estruturas que dispõe, no entanto ainda tenho esperanças que o Vila Real se mantenha na 3ª Divisão, e penso que o Montalegre também vai representar bem o nosso distrito. É uma grande perda se assim for, mas nem tudo é mau, senão vejamos, o GD Chaves está em boa posição para chegar à Liga Vitalis, teremos também dois clubes no escalão máximo do Futsal, contudo temos que aceitar que no futuro será mais difícil atingir os nacionais, devido à nova legislação que a FPF quer impor. Como se sabe, a partir de 2010/2011, os distritais não darão acesso directo aos nacionais, favorecendo apenas as associações do litoral, e os clubes do interior sairão prejudicados.

RCA: Agora em relação ao futsal, mais concretamente na vertente feminina, considera que deveria haver um campeonato nacional para esta modalidade?
Costa Pereira: Já há muito tempo que deveria haver um campeonato nacional de Futsal Feminino. Por exemplo, para a AD Flaviense, não é motivador competir no distrital, são campeões há vários anos, e deveriam participar noutro tipo de campeonatos, porque muitos dos nossos pavilhões não possuem as condições que eles merecem. Alguns dirigentes e jogadores exigem outros requisitos para esta modalidade, mas temos que reconhecer que muitos campos não têm sequer um cronómetro, e a culpa não é da associação, mas se querem apresentar propostas, então que se apresentem nas reuniões gerais, coisa que muitos não fazem.

RCA: Para terminar, Qual o balanço que faz desta época desportiva.
Costa Pereira: Quanto a mim o balanço da temporada é positivo. Actualmente, apesar de ainda persistirem algumas polémicas, existem menos casos dos que nos anos anteriores. Possuímos actualmente bons dirigentes, atletas muito profissionais e bons árbitros. Há, naturalmente, casos durante a época que causam polémica, mas temos que reconhecer que o conselho de justiça tem prazos para tomar as decisões, e esses prazos são para cumprir. Mas a culpa nem sempre é da Associação, existem regulamentos com as regras bem explícitas, e muitos clubes não têm conhecimento do que consta nestes documentos, e depois reclamam muitas vezes sem razão.

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